A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central de manter a taxa básica de juro, a Selic, em 8,75% ao ano foi considerada tímida pelo comércio, mas recebeu elogios da indústria e de entidades financeiras.
28/01/2010 00h00
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) considerou a medida positiva, já que irá garantir a retomada do processo de investimentos no Brasil, e acertada, uma vez que não existe uma alta da inflação. O aumento da demanda interna está sendo plenamente atendido pela produção doméstica ou pelas importações, sem causar pressões sobre os preços, disse o presidente Armando Monteiro Neto.
Outra representante da indústria, a Fiesp/Ciesp (Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou que o juro estável é condição básica para o crescimento e a geração de emprego e renda. As empresas estão confiantes no futuro da economia brasileira e têm aportado recursos, cada vez mais, na produção, ressalta o presidente das entidades, Paulo Skaf.
As financeiras do Rio de Janeiro também afirmaram que a decisão foi a melhor a ser tomada, diante da inflação sob controle. Temos uma expectativa de inflação dentro da meta para esse ano, devido principalmente aos preços administrados, que terão deflação, declarou o presidente da entidade, José Arthur Assunção.
Comércio se decepciona e trabalhadores criticam
A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) considerou a decisão do BC conservadora, já que não existe nenhum indício de aumento da demanda ou estrangulamento da capacidade de oferta. A entidade não vê necessidade de aumento da taxa ao longo deste ano.
A entidade não vê motivos para elevação de juros nem mesmo para a expectativa do mercado de elevação futura das atuais taxas. Ao contrário, acreditamos que o País precisa manter o compromisso com o desenvolvimento, o emprego e a geração de renda, com a redução dos gastos públicos e com as taxas mais ousadas dos juros, tanto para a Selic quanto para o consumidor final, explicou o presidente da entidade, Abram Szajman.
A mesma posição foi dividida pela Fecomércio-RJ, que considerou a decisão tímida. Manter o custo do crédito elevado irá de encontro ao consumo das famílias, principal agente amortecedor dos efeitos da crise e sintonizado ao crescimento do comércio de bens e serviços. A manutenção dos juros também limita investimentos e ainda pesa sobre a questão fiscal, já agravada pela recente expansão dos gastos correntes, afirmou o presidente da entidade, Orlando Diniz.
A Força Sindical foi além em sua crítica e disse que os membros do Copom estão com miopia econômica e impõem um obstáculo ao desenvolvimento. É uma atitude nefasta para o setor produtivo e totalmente insensível para com os consumidores do mercado interno, disse o presidente Paulo Pereira da Silva.
Previsões
De acordo com o Ibef-SP (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), apesar de ter mantido a Selic, o Copom deve indicar em sua próxima ata da reunião uma preocupação com a tendência de alta da inflação, causada pelo crescimento de importações, principalmente de matéria-prima e bens de consumo, mas por um ritmo menor de expansão da produção industrial.
Tudo isso leva a crer que o BC terá de agir mais rápido do que o próprio colegiado gostaria, iniciando, já em março, o novo ciclo de alta dos juros, afirmou o presidente do Ibef-SP, Walter Machado de Barros.
Autor: Infomoney