Apesar da queda, indicador supera nível neutro de 50 pontos, demonstrando otimismo moderado com o futuro; para 67% dos micro e pequenos empresários, a economia apresentou piora nos últimos 90 dias.
01/12/2016 15h07
O Indicador de Confiança dos micro e pequenos empresários (MPEs) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apresentou uma leve queda na comparação entre outubro e novembro deste ano, passando de 50,6 pontos para 50,2 pontos, em uma escala que varia de zero a 100. Quanto mais próximo de 100, mais otimistas estão os empresários e quanto mais próximo de zero, menos confiantes eles estão. Na comparação com novembro do ano passado, o indicador saltou 11,9 pontos na escala, partindo de 38,3 para os atuais 50,2 pontos.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a manutenção do indicador acima do nível neutro de 50 pontos por dois meses seguidos é uma boa notícia, por este ser um componente essencial para a retomada econômica. “É a confiança que induzirá o investimento por parte das empresas, gerando empregos e estimulando o consumo, hoje em baixa por causa da recessão. No entanto, a consolidação da melhora da confiança dos empresários depende de dois cenários que ainda são fontes de incertezas: avanço das reformas debatidas no Congresso e de um ambiente externo favorável”, pondera Pinheiro.
O Indicador de Confiança do SPC Brasil e da CNDL é baseado nas avaliações dos micro e pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas.
Para 67% dos MPEs economia piorou nos últimos meses, mas expectativas melhoram
O subindicador de Condições Gerais cresceu no último mês de novembro, mas permanece abaixo do nível neutro de 50 pontos. Na comparação anual, entre o último mês de novembro e o mesmo período de 2015, o indicador saltou de 21,5 pontos para 30,8 pontos na escala. Já na comparação mensal, passou de 30,4 pontos para os atuais 30,8 pontos.
Em termos percentuais, 67,1% dos micro e pequenos empresários acreditam que a situação da economia piorou nos últimos três meses e 58,9% consideram que a situação do seu próprio negócio passou a enfrentar dificuldades neste mesmo período considerado.
Mesmo diante de um retrospecto ruim, tanto da economia quanto dos negócios, as perspectivas para o futuro apontam para uma melhora. Em novembro, o subindicador de Expectativas alcançou 64,8 pontos, índice bastante acima do resultado observado no mesmo mês do ano anterior, quando registrara 50,8 pontos, mas um pouco inferior a outubro, quando marcou 65,7 pontos.
“A conclusão a que se chega é que, mesmo diante de um cenário ruim, muitos empresários nutrem esperanças para o futuro da economia e, em particular, do seu negócio. A percepção geral é de que a situação econômica continua bastante aquém do ideal, com consumidores e empresários passando por dificuldades, cenário idêntico ao do ano passado. O que se pode apontar, por ora, é o início de um processo de reversão de expectativas”, explica Honório.
Em termos percentuais, 64,6% dos micro e pequenos empresários se dizem confiantes no desempenho de seu negócio nos próximos seis meses e 58,5% manifestam confiança no desempenho da economia. Entre aqueles que manifestam otimismo com a economia, a maior parte, contudo, não sabe explicar suas razões. Dizem apenas acreditar que as coisas irão acontecer (38,5%). Há também os que mencionam os sinais de melhora de alguns indicadores econômicos (31,4%) e os que acreditam a crise política será resolvida (14,1%).
Mais da metade dos micro e pequenos empresários (50,5%) acredita que o faturamento de suas empresas irá crescer nos próximos seis meses. Apenas 6,2% projetam queda nas receitas durante esse intervalo.
Dentre os 17,9% de entrevistados que manifestam pessimismo com a situação macroeconômica do país, as incertezas políticas são a razão mais citada para a falta de confiança (43,4%). Entre os que apresentam expectativas positivas com relação ao seu negócio, novamente uma parcela expressiva não sabe explicar a razão de seu otimismo (35,0%). Destacam-se também os 25,3% que veem sinais de melhora de alguns indicadores econômicos e os que dizem estar fazendo uma boa gestão do próprio negócio (19,5%). “O fato de o próprio negócio inspirar mais confiança do que a economia é resultado de que os entrevistados têm controle de sua empresa, mas não podem controlar a economia. Assim, diante da adversidade, o empresariado tende a acreditar que pode promover ajustes para atenuar o impacto da crise”, afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Metodologia
O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”.