Já o indicador de expectativas para o futuro aponta leve melhora em relação a maio, mas pessimismo para os próximos seis meses.
02/07/2015 13h22
O Indicador de Confiança MPE (ICMPE), medido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), registrou 36,38 pontos em junho e o resultado, abaixo do nível neutro de 50 pontos, segue indicando pessimismo com o presente e futuro próximo da economia e dos negócios. O resultado também ficou ligeiramente abaixo do observado no mês anterior (36,65) e mostra que a avaliação dos empresários sobre o presente e os próximos seis meses está mais pessimista do que em maio.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a situação do cenário econômico e a divulgação de escândalos de corrupção diminuem a confiança dos micro e pequenos empresários, e isso leva a uma desaceleração no crescimento da economia e dos negócios. Se há otimismo na conjuntura, os empresários estão mais dispostos a correr riscos para ampliarem seus negócios e contratar mais funcionários, explica.
O ICMPE consulta mensalmente a opinião dos micro e pequenos empresários nos 27 estados sobre o estado atual da economia, de sua empresa e também das perspectivas para o futuro.
Condições gerais da economia pioram em relação a maio
O Indicador de Condições Gerais mede a percepção do empresário com a trajetória da economia e de seu negócio nos últimos seis meses. Em junho, registrou 20,69 pontos, indicando que avaliação dos últimos meses é ainda pior do que aquela verificada em maio, quando o indicador de condições gerais registrou 23,39 pontos.
A piora mostra uma clara percepção de que o ambiente econômico se deteriorou nos últimos meses, diz Pinheiro. Os indicadores de atividade, emprego, renda e índices de preços demonstram esse agrave. Em abril, o índice de Atividade Econômica do Banco Central registrou uma queda de 0,84% com relação a março; os dados do Caged mostram o fechamento de mais 115 mil vagas de empregos formais em maio; o IPCA, medido pelo IBGE, registrou crescimento mensal de 0,74% em maio e já acumula alta de 8,47% em 12 meses, indica o presidente.
Quando analisada as Condições Gerais da Economia, o indicador marcou 15,07 pontos em junho, em relação aos 16,60 pontos de maio. Ambos os dados estão bem distantes dos 50 pontos, ou seja, da situação em que entrevistados não sentem mudança alguma do quadro econômico. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o resultado indica que para os empresários, a economia brasileira segue piorando nos últimos seis meses. O cenário de estagnação econômica aliado ao descontrole das contas públicas afetou a percepção dos micro e pequenos empresários sobre o desempenho da economia, explica.
Já as Condições Gerais do Negócio, também analisadas no indicador, atingiram 26,31 pontos, abaixo dos 30,18 pontos registrados em maio. A piora na situação dos negócios não foi tão sensível quanto a piora da economia, mas na opinião da maioria dos micro e pequenos empresários, as condições gerais dos negócios pioraram nos últimos meses, analisa Kawauti.
MPEs melhoram suas expectativas para o futuro
Em junho, o Indicador de Expectativas registrou 48,15 pontos, ante os 46,69 pontos de maio. O resultado segue refletindo uma desconfiança para os próximos seis meses com a economia, mas uma melhora esperada para os negócios. Segundo a economista do SPC Brasil, as expectativas, tanto para a economia como para os negócios, ficaram acima do que se observou no mês anterior, embora o número mostre que ainda há mais empresários pessimistas do que otimistas.
Ao se analisar as Expectativas para a Economia, o indicador registrou 41,30 pontos em junho um resultado acima dos 38,27 pontos analisados em maio. Ainda que o dado tenha obtido uma melhora, é precipitado esperar a volta da confiança empresarial, explica Kawauti. As projeções indicam que, até o final do ano, os micro e pequenos empresários estão pessimistas com sua trajetória para os próximos seis meses e o cenário pode piorar.
Já as Expectativas para os Negócios registraram 55,00 pontos, ligeiramente acima dos 54,91 pontos de maio. Para a economista, apesar do ambiente adverso, a maioria dos empresários está confiante em relação ao seu negócio. Essa leve melhora de ânimo pode estar associado às perspectivas de vendas de final de ano, dado que o horizonte das expectativas contempla os próximos seis meses, analisa.
Metodologia
O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios pioraram muito; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais melhoraram muito.