Copom mantém taxa de juros em 8,75% ao ano pela quinta reunião consecutiva

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) optou nesta quarta-feira (17) pela quinta manutenção consecutiva da taxa Selic, que permanece no atual patamar de 8,75% ao ano, sua mínima histórica.


18/03/2010 00h00

A decisão, tomada sem viés, veio em linha com a expectativa da maioria dos analistas, que esperam o início do ciclo de aperto monetário só em abril. No entanto, diferentemente da última reunião, não houve consenso entre os membros do Copom, e a votação contou com 5 votos a favor da manutenção e três pela elevação da taxa em 50 pontos-base.

"Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 8,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela elevação da taxa Selic em 0,5 p.p. O Comitê irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", afirmou em comunicado a autoridade monetária.

Sinalização clara

Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o dissenso entre os membros do Copom é uma sinalização clara de que deve haver aumento da Selic na próxima reunião. Segundo ele, a ata deve trazer um posicionamento mais definido, mas daqui para a frente devemos ter elevação da taxa básica de juros até que a pressão sobre os preços desapareça.

Alheia a este ponto de vista, a equipe da LCA destaca que diversas variáveis irão definir se o Banco Central irá aguardar ainda mais para elevar a Selic ou vai iniciar um ajuste já na próxima reunião do Copom, agendada para os dias 27 e 28 de abril. "A principal dessas variáveis nos parece ser a evolução das expectativas inflacionárias, que podem sofrer alguma descompressão nas próximas semanas, na esteira da desaceleração da inflação corrente e dos sinais de moderação na margem do crescimento", avaliou a consultoria.

Neste sentido, a LCA ressalta que vê o início de um ciclo de elevação da Selic no segundo trimestre, "provavelmente já em abril", e com uma intensidade moderada, uma vez que a economia já esboça um ritmo mais estável e os preços das commodities não deve trazer pressões de custo muito significativas sobre a cadeia produtiva doméstica.

Copom: principal diferença no teor do comunicado
Março Janeiro
"Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 8,75% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela elevação da taxa Selic em 0,5 p.p. O Comitê irá monitoraratentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária". "Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 8,75% ao ano, sem viés. O Comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Justificativas

Apesar da recente aceleração da inflação e também das revisões para cima nas expectativas de inflação por parte do mercado, a SulAmérica Investimentos apontou que parte dessa "surpresa" é devida a fatores pontuais, como o aumento das tarifas de transporte público, que devem se dissipar nos próximos meses.

A LCA Consultores aponta que o ajuste não era necessário já nessa reunião pois além da inflação corrente, também a atividade econômica já parece dar sinais de acomodação na margem.

Outro ponto que pode ter baseado a decisão da autoridade monetária, de acordo com o Morgan Stanley, é o Relatório de Inflação, que será publicado ao final do mês de março. Segundo o banco norte-americano,o Copom pode ter decidido aguardá-lo, já que "é um canal de comunicação conveniente para explicar em detalhe sua linha de raciocínio e abrir caminho para uma alta subsequente em abril".


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