Coloque limites financeiros nos filhos e aprenda a dizer não!

Veja como aproveitar o dia a dia para educar financeiramente crianças e adolescentes.


24/08/2016 15h36

Você tem dificuldade para lidar com as vontades dos seus filhos? Quantas vezes você comprou algo por impulso, só porque eles queriam muito? Pois é. Ser firme e educar as crianças financeiramente é um desafio e tanto.

“Para saber como educar financeiramente seu filho é preciso ter em mente a importância dos seus próprios atos”, explica Yuri Busin, psicólogo de São Paulo. Muitas vezes, educar os filhos é saber ser firme e falar não e essa tarefa costuma ser bem desafiadora. Um levantamento feito pelo Portal Meu Bolso Feliz em parceria com o SPC Brasil constatou que 64% das mães adquirem produtos não necessários para seus filhos e 20% dessas mães compram absolutamente tudo que os filhos querem. A verdade é que boa parte das mães não consegue dizer não para os filhos.

Esses dados são alarmantes, tendo em vista que os pais precisam se educar antes de tentar educar os filhos. “A educação precisa ser sempre pautada em regras e limites para que você comece a ensinar a criança a perceber as consequências de cada atitude, por menor que seja”, completa Yuri. Abaixo, algumas dicas para encarar a tarefa:

O valor do dinheiro

O primeiro passo para ensinar seu filho a se educar financeiramente é explicar o verdadeiro valor do dinheiro. “A criança precisa saber o caminho que se  percorre para que o dinheiro chegue até a carteira, para que eles entendam, com o tempo, que o dinheiro é o resultado de todo um esforço de trabalho, dedicação e honestidade”, aconselha Deborah Moss, neuropsicóloga, mestre em psicologia do desenvolvimento pela USP. Para você entender melhor, pense nas atitudes do seu filho. Provavelmente, quando você disse que estava sem dinheiro, ouviu como resposta: pega mais no banco ou passa um cartão. Não é verdade? Por isso, é tão importante que as crianças entendam como os pais conseguem o dinheiro que entra todo mês em casa e, consequentemente, se adeque ao padrão de vida que a família inteira vive. Assim, será mais fácil para os pequenos encarar um não.

A importância do não

Saiba que a palavra “não” é muito importante na criação financeira das crianças. Para entender melhor, pense, novamente, em você. Quantos nãos já ouviu na vida? Muitos, certo? Então você deve saber que se aprende muito com algumas negativas. “Impor limites em casa ajuda a preparar a criançada para o mundo real. O não vem para puxar o freio de mão e mostrar que nem sempre o que queremos é possível de ser realizado na hora em que almejamos”, explica Deborah. Na vida, muitas vezes é preciso fazer renúncias, recuar, adiar planos e, geralmente, o dinheiro é um empecilho comum. “Devemos ser capazes de fazer um planejamento financeiro de curto, médio e longo prazo para alcançarmos nossos objetivos. Conseguir as coisas não é fácil. Nada mais justo do que ensinar o mesmo para nossos filhos, certo?”, conclui Deborah. Vale lembrar que aprender a lidar com a frustação de não se poder comprar tudo o que se quer quando criança é importante para lidarmos com a restrição do orçamento na vida adulta.

Como lidar com crianças de diferentes faixas etárias

Afinal, a partir de qual idade conseguimos ensinar nossos filhos a lidar com o dinheiro? A resposta é simples: desde bem pequeno, por exemplo, quando a criança entra na loja de brinquedos e quer aquela boneca ou carrinho caríssimo e faz birra até levá-lo para casa. Se  não é hora de ganhar é hora de ouvir o “não” e ir embora sem o brinquedo. “Tudo neste mundo capitalista envolve dinheiro e desde cedo é preciso que isto seja levado em conta”, explica Deborah. Por isso, você precisa ensinar o valor do dinheiro para seu filho logo no início da vida..

O que fazer até os 7 anos? Até essa idade as crianças entendem o universo como lúdico, gostam de brincadeiras e histórias. Então, que tal criar personagens para ensinar o pequeno como o dinheiro chega até sua casa e porque é tão importante economizar? Na hora que a criança quiser algo, explique quando é a próxima data comemorativa e combine com ela quando é a hora dela ganhar aquilo. Além disso, comece a dar mesada de pequenas quantias, pode ser em moedas, e incentive o depósito no cofrinho. De tempos em tempos, conte as moedas e faça festa para criança saber que foi bom economizar. Apesar da criança não saber bem o valor do dinheiro, ela consegue enxergar que aos poucos, a junção de várias moedas gera uma quantia considerável.

O que fazer dos 7 aos 12 anos? A mesada nesta faixa etária pode, além de atender à necessidade imediata de compra da criança, dar a oportunidade de introduzir o hábito de fazer uma poupança. Ou seja, estimule seu filho a se organizar em não gastar tudo de uma vez e ter a disciplina e auto controle  de guardar uma parte para uma meta a longo prazo. Quando a criança dessa idade precisar de algo, como um tênis por exemplo, mostre a diferença entre a necessidade e o consumo impulsivo. A criança precisa do tênis mais caro da loja? Não se deixe levar pelos pedidos insistentes e compre a peça que vai suprir as necessidades dela e lembre-se que a compra sempre precisa caber no seu próprio bolso.

O que fazer dos 12 aos 15 anos?  Nesta fase o céu é o limite no que se refere a gastos. Uma época em que se quer tudo de marca, top de linha. Nessa idade os pré-adolescentes também participam de programas sociais em grupo que infuenciam demais. Por isso, vale elaborar com os filhos uma planilha de suas despesas extras e responsabiliza-los por ela. Nesta fase é muito importante reiterar a necessidade de se economizar, pois pela própria impulsividade da idade, o ímpeto de gastar tudo no prazer imediato é muito comum. Se seu filho de 15 anos quer ir ao cinema no fim do mês, mas a mesada acabou, você precisa mostrar que esse tipo de programação é por conta dele e dizer não. Da próxima vez ele vai pensar duas vezes antes de gastar a preciosa mesada.

O que fazer a partir dos 15 anos? Siga as mesmas regras do item acima, mas já ajude o adolescente a pensar mais no longo prazo, em como guardar dinheiro desde muito cedo para poder  usufruir  em outro momento da vida. Ex: veja se ele não tem planos para fazer uma viagem ou um intercâmbio e como ele vai fazer para conquistá-lo. Mostre o Simulador Dos Sonhos para ele e ajude-o a guardar dinheiro para alcançar os próprios objetivos. Outra boa ideia é fazer uma previdência para os filhos e, na adolescência, ensiná-los a guardar um dinheiro lá: parte do salário, caso ele trabalhe, presentes de familiares e a mesada.

Resumindo, em todas essas idades podemos trabalhar de acordo com o entendimento da criança, apenas aumentando as responsabilidades e administrando os “nãos”. “Dessa maneira, a criança será capaz de aprender o valor das coisas, e assim crescer com uma consciência financeira”, finaliza Yuri.

Por fim, lembre-se da regra básica: quem dá o exemplo são os pais. Se você quebra suas próprias regras, será muito difícil a criança cumprir aquilo que você pede. Para te ajudar na tarefa de educar seu filho, as histórias da Turma da Mônica, divulgadas no Portal Meu Bolso Feliz, são uma ótima ideia. Que tal ler algumas delas com a criançada? Confira aqui


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