38% dos trabalhadores usaram saldo do FGTS para pagar dívidas em atraso e 13% fizeram compras extras

Entre quem ainda vai sacar, 27% pretendem quitar pendências; expectativa é de que resgate do benefício injete até R$ 14,6 bilhões no comércio e serviços.


09/06/2017 15h09

O próximo lote de saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) que estará liberado a partir do próximo sábado, (10/6), deve, novamente, contribuir para que mais brasileiros paguem suas dívidas e voltem a ter o nome limpo. Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que, dentre os trabalhadores que já realizaram saques, 38% usaram o dinheiro extra para quitar dívidas em atraso, enquanto 4% usaram esse recurso para pagar ao menos parte das pendências. Os que estão gastando esses valores com despesas do dia a dia representam 29% da amostra. Há ainda 19% de trabalhadores que optaram por poupar o benefício.

Outra estratégia também utilizada pelos entrevistados foi aproveitar o dinheiro extra para antecipar o pagamento de contas não atrasadas, como crediário e prestações da casa ou do carro, citado por 14% dos que já sacaram seus recursos. De acordo com a pesquisa, somente 13% dos trabalhadores que sacaram o benefício até o momento usaram o recurso financeiro para fazer compras extras. A estimativa do SPC Brasil e da CNDL é de que a medida poderá injetar até R$ 14,6 bilhões nos ramos do comércio e serviços, considerando a estimativa do governo, de que os saques atingirão R$ 34,5 bilhões.

“Ainda que uma parcela inferior de trabalhadores tenha optado por realizar compras extras com o dinheiro, é bastante positivo para o comércio e para a economia do país, que essas pessoas prefiram quitar dívidas e antecipar o pagamento de contas. A inadimplência cresceu bastante desde o início da crise e isso prejudica o planejamento do comércio e barra o acesso do consumidor ao crédito”, analisa o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

27% vão sacar o benefício para zerar dívidas e 28% pretendem pagar ao menos parte daquilo que devem

Levando em consideração os consumidores que ainda vão realizar saques, a principal finalidade também será o pagamento de dívidas: 27% vão utilizar o dinheiro para quitar compromissos atrasados e 28% vão utilizá-lo para regularizar ao menos uma parte das pendências. Quase um quarto (24%) cita também o pagamento de despesas do dia a dia e 20% planejam poupar os recursos que vão receber. Apenas 4% vão realizar compras de itens como roupas e calçados. Os que vão usar o dinheiro extra para viajar representam apenas 3% e 2% querem aproveitar os recursos para adquirir um automóvel.

De acordo com a pesquisa, 14% dos brasileiros já sacaram o benefício e 15% ainda pretendem fazê-lo assim que o último lote estiver disponível, a partir de julho. No total, 58% dos consumidores não têm dinheiro a resgatar o FGTS inativo, enquanto 11% desconhecem se têm direito ao saque ou nem mesmo sabiam que o governo havia liberado esses recursos.

O trabalhador que pediu demissão ou foi demitido por justa causa até dezembro de 2015 tem direito ao saque do fundo de garantia. Para descobrir se o consumidor será beneficiado por essa medida, ele deve consultar o site da Caixa Econômica Federal ou procurar qualquer agência física do banco.

Metodologia

A pesquisa foi realizada em 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 800 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de no máximo 3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%.


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