Expectativa para 2016 não é boa

O presidente da CDL Campos, Norival Manhães afirma que, além dos problemas internacionais e nacionais, há, ainda, os municipais.


10/02/2016 12h11

Marcos Curvello

No fim de 2015, representantes dos diversos setores da economia regional afirmaram que, embora o ano não tenha sido exatamente perdido, como prenunciado antes, foi de dificuldades. Agora, pouco mais de dois meses após o início de 2016, as expectativas para os próximos meses não são muitos melhores. “Pode ser que tenhamos saudades de 2015”, afirma Gilberto Soares, gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Campos. De acordo com Soares e com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, Norival Manhães, a dúvida a respeito da recuperação do mercado estadual e nacional vem da inação do Governo Federal. “Não vemos a União tomando qualquer iniciativa para conter a crise”, afirma Manhães.

De acordo com Soares, a região passa por duas situações distintas.

- Temos a crise econômica, que é nacional e pela resolução da qual o Governo Federal nada está fazendo, e a crise do petróleo, que teve o preço do barril derrubado no mercado internacional. Esta última afeta diretamente a região, causando desemprego tanto entre as empresas da cadeia de óleo e gás quanto no poder público municipal, que deixa de arrecadar — diz, Soares, completando: “só com geração de empregos conseguiremos atravessar este momento”.

Manhães afirma que, além dos problemas internacionais e nacionais, há, ainda, os municipais.

- Não há qualquer tipo de alívio à vista. Apenas a redução da conta de luz, mas é muito pouco. E, aqui, na cidade, ainda temos o problema do novo Código Tributário, que onera o comércio - avalia.

Para Fernando José Coutinho Aguiar, presidente do Conselho da Representação Regional Norte Fluminense/Campos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), “os setores industriais do Norte Fluminense estão prevendo um ano muito difícil”.

- Não só devido à queda do preço do petróleo, que se reflete fortemente na economia do estado, mas também pela ausência de medidas que revertam o processo de desindustrialização do país. A medida proposta por todas as esferas de governo tem sido somente o aumento de impostos e isto não é a solução — encerra.

Continuidade de crise pode levar a série de fechamentos

As expectativas também não são boas no comércio local. Marcelo Prado Souza, gerente de uma loja de móveis localizada no Centro, afirma que “já conta os dias para 2017”.

- Tivemos prejuízo em 2015. Demitimos e realizamos ajustes nas despesas, renegociando contratos com fornecedores. Mesmo com toda a economia que conseguimos, porém, não sabemos como será o ano — afirma.

Carla Amaro da Silva, dona de uma loja de roupas instalada também no Centro, afirma que pequenos empresários passam por dificuldades.

- Temos aluguel, funcionários, fornecedores, impostos e contas de consumo para pagar. É muito. Se a coisa não melhorar, muitos outros empreendedores fecharão as portas este ano. Se não houver uma luz no fim do túnel, será pior que 2015 — diz.

Sondagem da Firjan apontou retrocesso

A Firjan divulgou, no último dia 1º, Sondagem Industrial que aponta a situação financeira das empresas da região Norte Fluminense como a pior da última década. O índice atingiu os 15,7 pontos. A margem de lucro das empresas também foi a menor registrada nos últimos 10 anos, atingindo 25,6 pontos.

A Sondagem foi realizada no último trimestre de 2015. Participaram da pesquisa, empresas de Campos, Cardoso Moreira, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Quissamã, Conceição de Macabu, Carapebus, Macaé e São Fidélis. Os valores abaixo de 50 indicam piora ou redução; e acima de 50 representam melhora ou aumento.

Os dados mostraram ainda que o número de trabalhadores nas indústrias da região é o menor dos últimos 10 anos (19,8). A redução dos postos de trabalho é reflexo da queda registrada no volume de produção industrial, que atingiu 27,6 pontos em dezembro, ficando 17,5 pontos abaixo da média história, iniciada em 2005. A pesquisa também apontou que as indústrias operaram, em média, com 65% da capacidade instalada em dezembro e terminaram o ano com redução no nível dos estoques (32,6), volume abaixo do planejado.

Reprodução: Folha da Manhã


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